“Se quiser salvar conhecimentos e fazê-los viajar através do tempo, diziam os velhos iniciados bambaras, confiem-nos às crianças”.
Como quem vem de suas andanças, Maria Veneranda chega cantando, e já começa a compartilhar as estórias de seu grande amigo Alecrim. Sempre com uma relação bem próxima de seu público, ela passa a contar tudo o que traz em sua cumbuca de contos. São contos variados, permeados por cantigas e conversas, que Maria Veneranda compartilha com as crianças e toda a família. Como quem segue para novas andanças, Maria Venerando parte cantando, deixando as cumbucas-memórias repletas de estórias.
Os repertórios da Cumbuca são compostos de estórias da tradição que falam da vida, da natureza, dos animais, da lida com a terra e das dimensões do fantástico, trazidos por Camara Cascudo, Andersen, contos de Nasrudin, Tolstói, contos da tradição africana e um pouco mais.
A Cumbuca de contos é uma contação de estórias conduzida pela curandeira e a personagem dá à roda de estória um jeito teatral.
Maria Veneranda é dessas curandeiras que lida com as plantas do cultivo à colheita, e desse amor à natureza é que parte seu encontro com as crianças.
Um pouco antes de a peça iniciar, as crianças podem acompanhar os movimentos da preparação da atriz, e a colocação do figurino que aos poucos vai revelando a personagem. Maria Veneranda, de acordo com a iniciativa dos pequenos, conversa, interage, entoa cantigas com os nomes, fala um pouco de si, ouve. É o prólogo do espetáculo. A depender do inesperado a que esta interação se propõe, o espetáculo começa com um cortejo de crianças ou com uma abertura cantada, ou… Vamos descobrir juntos?!
Para os sábios dos tempos antigos, os mitos, contos, lendas ou jogos de crianças eram um meio de transmitir conhecimentos, através dos séculos, pela linguagem das imagens.
Eles acreditavam que os conhecimentos recebidos desde a infância, ficam gravados na memória profunda do indivíduo para voltar a surgir eventualmente, no momento apropriado, iluminados por um sentido novo.
As pesquisas modernas confirmam: achados recentes da Neurociência oferecem evidências de que acontecimentos precoces de natureza física, emocional, social e cultural permanecem inscritos por toda vida nas conexões sinápticas através de fenômenos biomoleculares e de neuroplasticidade. Todos nós construímos um mapa da realidade a partir das experiências vividas na infância. É a criança que constrói seu conteúdo mental a partir do alimento social e assim acumula experiências que serão utilizadas para a construção de sua vida. (fonte: Aliança pela Infância)
Direção: Melani Halpern
Dona Veneranda: Adriana Fortes
Alecrim (músico convidado): Jonathan Silva
Ilustrações: Murilo Silva
Idealização e produção: Confraria das 3 águas
Neste encontro, a curandeira convida as crianças a brincarem juntas, com o corpo e a voz, e cria um ambiente propício para trocarem estórias e serem elas, crianças, as contadoras, contando para D. Maria Veneranda o que trazem em suas cumbucas (memórias). Dona Veneranda e seu amigo Alecrim fazem a mediação, mas seu principal ofício aqui é o da escuta. Escuta para colher novos contos para encher a cumbuca (1h30min de duração).
